O nome não é nem um pouco convidativo: inibidores da PCSK9 (proprotein convertase subtilisin/kexin type 9). Os possíveis usos deste novo grupo de medicações merecem atenção dos cardiologistas. Tentando resumir de maneira simples o seu mecanismo de ação: a PCSK9 é um tipo de protease que leva, em última instância, à degradação dos receptores de LDL ("colesterol ruim") na superfície das células do fígado.
Estes receptores são os responsáveis por capturar as partículas de LDL circulantes no sangue e, posteriormente, internalizá-las dentro do fígado. Lembramos que o grande problema do LDL é quando ele está na circulação e não quando está nas células hepáticas.
Resumo:
- Quanto mais receptores de LDL houver nas células hepáticas – menor o LDL sérico.
- Quanto menor o LDL sérico – menor o risco cardiovascular.
- PCSK9 é uma protease que destrói estes receptores.
- Quanto mais ativa a PCSK9 – maior a destruição dos receptores e, por consequência, maior a concentração de LDL no sangue.
Isto é exatamente o que ocorre em alguns tipos de hipercolesterolemia familiar (forma genética de colesterol elevado). Através de uma mutação, o gene que leva à produção da PCSK9 fica mais ativo o que leva a uma maior atividade da protease.
Bem, se há situações em que a PCSK9 está aumentada, que tal se tivéssemos uma medicação que inibisse a atividade da protease e assim levasse à uma redução do LDL? Pois é. Aí é que entram os anticorpos monoclonais contra a PCSK9, também chamados de inibidores da PCSK9.
OK. Quais os nomes destas medicações? Mais uma vez, os nomes não são muito amistosos. Arilocumab, evolocumab e bococizumab foram as primeiras medicações deste grupo a serem estudadas em humanos. Os trabalhos mostraram redução de até 70% dos níveis de colesterol LDL.
Alguns aspectos importantes:
- As medicações são feitas por via subcutânea a cada 2 ou 4 semanas.
- Mesmo em pacientes que já estão usando dose máxima de uma estatina de alta potência (rosuvastatina 40 mg ao dia ou atorvastatina 80 mg ao dia), a associação com inibidores da PCSK9 pode levar a uma queda adicional de até 75% do LDL.
- Em casos de hipercolesterolemia familiar heterozigótica, os inibidores de PCSK9 causam uma redução de LDL de cerca de 50%. Nos casos homozigóticos, bem mais graves, há uma queda de 17-31%.
- A taxa de efeitos colaterais com este grupo de medicações é bem baixo sendo os mais comuns reações no local de aplicação e mialgias.
Que grupos mais se beneficiam dos inibidores de PCSK9 de acordo com os trabalhos:
- Hipercolesterolemia familiar.
- Pacientes com intolerância à dose alta de estatina.
- Pacientes que não apresentam a queda de LDL esperada com estatinas.
Para confirmar se os inibidores de PCSK9 realmente diminuem defechos cardiovasculares como morte, infarto e derrame cerebral, há grandes estudos sendo relizados, envolvendo mais de 70.000 pacientes.
Fonte: Portal Cardiopapers.
Autor: Dr. Edurado Lapa.